Por Alexandra Cavaler
Há 12 anos, Eliane Stakowski resolveu que era a hora de encarar um novo desafio. Confiante, cheia de disposição e com o apoio da família ela iniciou o Coccinella Pães e Bolos. Ela que morou anos na Europa retornou ao Brasil e se tornou pioneira na região com alimentos sem glúten, sem lactose, sem leite, sem refinados, conservantes ou contaminação.
“A minha especialidade hoje são pães e bolos. No início eu fazia as tortas, mas depois eu fui migrando, porque daí o pessoal começou a me pedir bolos variados e as tortas começaram a se tornar muito caras. Aliás, eu parei de fazer tortas quando surgiu a pandemia, faz cinco anos. Porque os produtos começaram a ficar muito caros e alguns não encontramos por aqui como as matérias primas sem glúten, sem leite, alguns sem lactose. Esses, hoje é que estão surgindo no mercado da região. E foi então que migrei o negócio para pães e bolos. Também cabe assinalar que atualmente o meu produto mais popular é o pão d’água sem glúten e sem leite, esse é o meu carro-chefe”, contou Eliane.
Junto do marido Fabricio e dos filhos Nicole, 17 anos, e Luca, 13anos, ela relata os desafios enfrentados. “Em 2012, ainda estava iniciando por aqui essa procura por produtos sem glúten. Foi uma coisa que eu vi no mercado, que seria interessante, só que naquela época nós não tínhamos produtos para trabalhar. Hoje nós temos farinha à disposição, fécula, amido, vários produtos que são sem glúten, realmente certificados sem glúten. No começo eu precisava comprar de Minas Gerais; além de outros que eu precisava comprar de regiões distantes. Hoje nós temos muitas farinhas, muitas coisas à disposição”, contou lembrando que mesmo com coragem para enfrentar o desafio, ela já sabia que sozinha conseguiria, mas seria mais difícil. Então se tornou uma microempreendedora do ramo de pães e bolos, a qual conta com um cardápio super variado e, agora, junto de outros MEIs, tem um núcleo formado na Associação Empresarial de Içara (ACII) especialmente para ela. A proposta visa transformar desafios em caminhos de crescimento. Por meio do Núcleo, os MEIs também terão oportunidade de Recber capacitações, trocar experiências e articular conjuntamente.
“Como MEIs, desenvolvemos múltiplas funções em nossas empresas, mas isso nos dificulta aprofundar, por exemplo, no comercial e no marketing, áreas fundamentais para as vendas. Com o núcleo, poderemos avançar em conjunto, ganhar novos clientes e também mercados”, vislumbra Eliane acrescentando que a expectativa para os encontros é das melhores. “Aprender com os outros MEIs e compartilhar meus conhecimentos; entendermos melhor as formas de divulgação e marketing. Tudo isso me encanta e me enche de expectativas”.
Aperfeiçoar ferramentas
A microempreendedora também fala sobre as maneiras com as quais a formação do grupo pode impactar a sua jornada. “Penso que na troca de conhecimento e de experiência, a formação do Núcleo será fundamental, pois essa é uma importante ferramenta. Além disso, prefiro que os encontros sejam presenciais, pois nada substitui o calor da troca pessoalmente”, disse Eliane entusiasmada com a novidade.
Eliane ainda sugere temas ou tópicos os quais gostaria de fossem abordados em capacitações ou workshops promovidos pelo núcleo, e quais parcerias devem ser estabelecidas para beneficiar os microempreendedores. “No que diz respeito aos temas a serem abordados, penso que a área da contabilidade, de modo geral, é bastante interessante. Além disso, educação financeira; ferramentas de vendas e como utilizá-las (redes sociais); como criar novas promoções para captar clientes. Já as parcerias podem ser firmadas com escritórios de contabilidade, agencias de publicidade e meios de comunicação (jornais, radio, tv, pod casts, instagram) e organizadores de feiras e eventos”, enfatizou.
Da linha de produção ao desejo de ensinar
Eliane revela o seu desejo de ensinar, de ar todo o seu conhecimento para que outras pessoas possam fazer o mesmo trabalho artesanal em suas casas. Além disso, ela faz um comparativo sobre as mudanças na linha de produção ao longo dos anos. “A minha produção hoje é muito diferente de quando eu comecei há 13 anos. Principalmente porque nós não tínhamos produtos para trabalhar. Eu enfrentei os e tive que me fazer conhecida no mercado através de degustação, ao oferecer gratuitamente os produtos, trabalhar mesmo só para pagar as contas. E o famoso boca a boca aconteceu, a procura cresceu, as receitas foram aperfeiçoadas, maior variedade e, consequentemente, melhor produto e maior satisfação do cliente”, disse revelando que cursa a faculdade de Nutrição e pretende, futuramente, diminuir a produção e venda dos produtos para poder ensinar. “A minha intenção é trabalhar não na venda dos pães e bolos, mas ensinando o pessoal a fazer em casa, ou talvez vendendo menos, e me dedicando a ensinar. Enfim, a ideia é essa: aplicar cursos e auxiliar as pessoas a fazer alguma coisa em casa, para que tenham uma fonte extra de renda, que as auxilie de alguma forma”.
Para conhecer um pouco mais do trabalho da Eliane acompanhe @coccinellapaesebolos. As entregas das delícias encomendadas acontecem nas terças e sextas-feiras pela manhã. Mais informações: 48 9672-7808.
Içara tem 5,4 mil Microempreendedores Individuais
Atualmente, Içara tem 5,4 mil Microempreendedores Individuais o que representa, segundo o presidente da ACII, Marco Aurélio Périco Góes, 52,92% das empresas registradas na cidade. “Por isso, a criação de um núcleo é importante para conectar e criar um ambiente propício de desenvolvimento para os MEIs”. “Como núcleo, os MEIs tem e de consultor para conectar demandas e contribuir na organização dos participantes, além de subsídios em soluções coletivas”, emendou Lucas Lemos, consultor do Programa Empreender da ACII.
Lemos assinala que em se tratando de MEIs, o Núcleo será a única iniciativa em atividade na cidade. “Nele, as soluções são definidas pelas próprias empresas a partir dos desafios em comum. O papel da ACII é ser ambiente de conexão, de o aos serviços empresariais e de propagação de bons exemplos. No caso dos microempreendedoras, neste primeiro momento, foram delimitadas ações a cada 15 dias”.
Estrutura do Núcleo
Questionado sobre como será a estrutura do Núcleo, o consultor revela que a coordenação será definida pelos próprios participantes a partir da decisão de efetivação do núcleo. E que já foram definidos dois pontos a serem trabalhados. “Neste primeiro momento, foram definidos como temas prioritários: comunicação e gestão financeira. Também cabe ressaltar que o objetivo do núcleo é gerar oportunidades para os participantes. O núcleo não tem objetivo de ser representativo do segmento, mas as comunicações serão realizadas por meio de grupos de Whats, redes sociais e outros meios da Associação Empresarial de Içara quando as atividades foram abertas para todos”, destacou Lemos, falando das expectativas: “O MEI foi uma solução para a formalização de empreendedores. Mas tem empresas que tem o potencial de crescer ainda mais. E, por isso, a expectativa é que seja um movimento cíclico de agem”, concluiu.
Programa Empreender
O desenvolvimento de núcleos faz parte do Programa Empreender, uma iniciativa da Associação Empresarial de Içara em parceria com a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) e o Sebrae/SC. Com metodologia alemã adaptada à realidade brasileira, o trabalho colaborativo entre empresas já é uma realidade entre jovens, mulheres e empreendedores em geral. Muito em breve, também estará disponível para profissionais de Recursos Humanos.
Colaboração: jornal Tribuna de Notícias