Pescadores celebram as padroeiras neste domingo, dia 2

Por Alexandra Cavaler

 

O dia 2 de janeiro, domingo, é uma data especialmente dedicada às padroeiras dos pescadores: Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá. A data também é lembrada com muita fé e devoção pelos fieis da igreja católica e da umbanda. Nas celebrações, cada segmento organiza os eventos de acordo com sua crença.

 

Em Balneário Rincão, por exemplo, às 18h, a Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, no Centro, realiza o Cerco de Jericó no mesmo horário. Já em Arroio do Silva, Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira do município e protetora dos pescadores e dos navegantes será homenageada na Paróquia São Pedro Apóstolo que realizará a tradicional procissão com a imagem da padroeira no sábado, dia 01/02, às 13h30 com saída da Igreja Matriz do Arroio; e às 19h30 acontecerá a missa de festa e Coroação. No dia 02, acontece festa em Honra a Nossa Senhora com missa festiva às 10h; consagração das crianças; almoço e sorteio da cartela premiada.

 

Padre Rodrigo, fala da festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que celebra a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Um dos tantos nomes dados a mesma e única Maria, que neste sentido é protetora dos navegantes. A festa é um testemunho da confiança do homem no auxílio divino diante das incertezas do mar e da vida. Sua celebração, especialmente forte em regiões litorâneas e ribeirinhas, remete ao profundo simbolismo da Virgem Maria como aquela que guia, protege e conduz a alma pelas águas turbulentas da existência”.

 

O religioso ainda explica que desde tempos antigos, o mar sempre foi imagem da imprevisibilidade, do perigo e da vastidão incontrolável do destino humano. “Os navegantes, expostos à fúria das ondas e às tempestades súbitas, sempre recorreram a Nossa Senhora como Estrela do Mar (Stella Maris), invocando sua intercessão para alcançar portos seguros. Esta devoção não se limita ao ambiente marítimo: a vida espiritual de cada cristão é, de certo modo, uma travessia, sujeita a perigos e naufrágios morais. E a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, celebrada especialmente no dia 2 de fevereiro, recorda essa confiança filial na Mãe de Deus. Em muitas cidades, como Arroio do Silva, realizam-se procissões fluviais, em que barcos enfeitados navegam pelas águas levando a imagem da Virgem, como expressão de um povo que reconhece sua dependência da graça divina”, ressaltou o Padre Rodrigo, acrescentando: “É uma celebração que ensina uma verdade esquecida pela mentalidade moderna: o homem não é senhor absoluto de seu destino. A vida não é uma rota que se percorre sozinho; é preciso navegar sob a luz da fé, confiando que Maria nos guia ao verdadeiro porto, que é Cristo. O culto a Nossa Senhora dos Navegantes, portanto, não é apenas uma tradição popular, mas uma exortação espiritual: quem navega sem Deus naufraga; quem se confia a Maria chega ao destino eterno”.

 

Nossa Senhora dos Navegantes não é iemanjá

Padre Rodrigo também destaca que Nossa Senhora dos Navegantes não é Iemanjá, “e qualquer tentativa de sincretismo entre as duas figuras é um erro grave que dilui a verdade da fé cristã. Nossa Senhora dos Navegantes é uma invocação da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, dentro da tradição católica, enquanto Iemanjá pertence ao panteão das divindades dos cultos afro-brasileiros e do candomblé. A confusão se deve ao fato de que ambas são associadas ao mar, mas seus significados são absolutamente distintos. Nossa Senhora dos Navegantes é uma intercessora junto a Cristo, o único Senhor do universo, e não uma deusa do mar ou uma entidade pagã. O culto mariano é cristocêntrico e sempre conduz à salvação em Cristo, enquanto as práticas ligadas a Iemanjá pertencem a um sistema religioso diferente, que não reconhece a unicidade de Deus nem a missão redentora de Jesus Cristo”.

 

E ele complementa: “Misturar esses elementos é um erro moderno que enfraquece a identidade da fé verdadeira. O cristão deve ser vigilante contra o relativismo e evitar cair em um falso ecumenismo que sacrifica a pureza da doutrina. Quem recorre a Nossa Senhora dos Navegantes deve fazê-lo com a consciência de que ela é a Mãe de Deus e a estrela que nos guia a Cristo, e não uma figura intercambiável com mitologias de outras tradições religiosas”.

 

Diferentes crenças e celebrações

 

Ainda em Arroio do Silva, a comunidade Umbandista também festeja. Em homenagem à Mãe Iemanjá, considerada a Rainha do Mar, haverá a tradicional celebração no santuário na Praia da Meta no sábado. A celebração é aberta ao público e inicia às 22h. Antes disso, durante o dia, serão realizadas atrações de arte esotérica, feira religiosa e às 20h será realizada uma carreata com saída da entrada da cidade, ando pelo Centro e arredores, em direção à Meta.

Já em Balneário Rincão, também no sábado, das 9h às 20h, ocorre a 2ª Festa em homenagem a Iemanjá, na beira do mar, nas proximidades do antigo Verdão. A crença e as homenagens à Iemanjá existem no Brasil desde a época da escravização. A atividade também é gratuita. 

 

“Iemanjá é a orixá mais popular aqui do Brasil e é cultuada pela umbanda, candomblé e outras religiões de matriz africana. Ela é a rainha dos mares e protetora dos pescadores”, quem explica é a devota Nicoli Martinazzo que também revela: “O significado do seu nome é a tradução de uma expressão em iorubá que significa “mãe cujos filhos são peixes”. Na mitologia iorubá teve 10 filhos, todos eles orixás. Por isso ela é vista como uma grande mãe. Ela representa a fertilidade, a maternidade, o amor fraterno”.

 

Ainda de acordo com Nicoli, as celebrações relacionadas ao dia de Iemanjá variam de acordo com cada terreiro. “Geralmente é feita uma festa para ela, com oferendas e comidas típicas de Iemanjá como manjar, peixe no milho branco, arroz branco e canjica. Entre as comemorações mais comuns está a gira da semana de Iemanjá que, geralmente acontece na praia, à noite, quando os filhos de santo vão na beira do mar e é feito uma homenagem para a Orixá. Os guias trabalham na areia de pés descalços. Aí existem diversos guias que podem vir nessa linha, alguns terreiros, por exemplo, recebem até “sereias”. Elas não têm ligação com os mitos e lendas de sereias dos filmes. São seres femininos que vivem em dimensões aquáticas regidas por Iemanjá, e às vezes por Oxum, Orixá das águas doces e Nanã, Orixá das águas paradas, dos pântanos e da terra úmida. Os guias que trabalham na falange de Iemanjá limpando os filhos de energias negativas”, explica a jovem.

 

 

Colaboração: jornal Tribuna de Notícias 

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